segunda-feira, 14 de abril de 2008

CONHECENDO O MAL

Segundo a bíblia o primeiro homicídio da Terra foi quando Caim matou o seu irmão Abel, pelo “simples” sentimento de inveja. Será que foi a partir desse momento que o ser humano mal surgiu? Ou será que foi quando a serpente ofereceu o fruto proibido a Eva no Jardim do Édem, provocando assim, a queda do homem? Até hoje não se sabe, o que se pode comprovar é que essa maldade só aumenta e a cada dia de formas mais absurdas e assustadoras possíveis. Como o caso da menina que foi atirada pela janela, e o pior, tendo o pai como principal suspeito, a mulher que torturava uma adolescente diariamente, atos de terroristas que mantêm seus prisioneiros em cativeiros durante anos, genocídios, e mais uma vasta lista de ações monstruosas praticadas pelo homem, também conhecido como animal racional. A pergunta que passa na nossa cabeça é: Por quê? O que faz o homem desenvolver tanta maldade?
Desde o princípio a explicação que se dá é de que tudo que acontece, tanto coisas boas, quanto coisas más, são vontades dos deuses, e a única coisa que poderíamos fazer seria aceitar. Segundo o filósofo grego Xenófanes de Cólofon (560-478 a.C), o mal é capaz de tudo, e que nem os próprios deuses poderiam escapar dele. Durante séculos teólogos e filósofos tentaram ajudar a humanidade a conviver com o mal, no entanto, nenhuma teoria tem a capacidade de diminuir o choque e a destruição que ele nos causa, e nem de afastar o nosso auto julgamento, que nos vemos obrigados a fazer, quando nos deparamos com seres humanos agindo como bestas.
Talvez, para os mais “moderninhos”, o mal é apenas uma superstição da religiosidade, mas que já foi superada há anos. O pior é que temos a certeza que não é essa a verdadeira realidade, pois a cada dia temos mais provas que ele realmente existe, e que está cada vez mais próximo a nós, quando lemos nos jornais, ou assistimos na TV, que inúmeros assassinatos, roubos, seqüestros e mais uma infinidade de crueldades cometidas pelo homem, vêm acontecendo na nossa cidade, ou pior, no nosso próprio bairro.
Pessoas que cometem atos como esses, vêm sido vistas, por muitos, como psicopatas, que conhecem a diferença entre o bem e o mal, porém são incapazes de sentirem piedade, empatia, remorso – emoções que estão na base do senso moral das pessoas. No entanto seria fácil demais dizer que toda pessoa má sofre de distúrbios neurológicos, só que não é assim que as coisas funcionam. Segundo psicólogos, a psicopatia é um distúrbio raro. O que realmente acontece é que nós temos a facilidade de nos conformar com pressões sofridas por grupos sociais (é o caso de guardas que torturam prisioneiros de guerra, e argumentam que se sentiram autorizados pelo poder para agirem de tal forma), e de não sabermos “domar o monstro”, que segundo Shakespeare, existe dentro de cada um de nós.

Vejamos agora diferentes olhares/conceitos sobre o mal:
O mal na religião: Segundo os filósofos cristãos, Agostinho e Tomás de Aquino, a soberba humana é a raiz do mal e a graça divina é a fonte do bem. Por esse motivo que coisas ruins acontecem com pessoas boas e más, porém atua como “o fogo que transforma a palha em cinza e faz brilhar o ouro", o ruim purifica os virtuosos e destrói os perversos, diz Agostinho em A Cidade de Deus”.
O mal da natureza: Desastres naturais como terremotos, enchentes, incêndios e outras catástrofes, fizeram com que filósofos pensassem que Deus poderia ser mau. Para o pai da Teoria da Evolução, Charles Darwin, Deus era realmente ruim, usou como exemplo uma vespa que paralisa outros insetos para que suas larvas pudessem comê-los vivos. E conclui: “um Deus onipotente e benéfico não teria criado um ser assim”.
Já para alguns teólogos, esses fenômenos acontecem para mostrar a ira de Deus diante do pecado da humanidade (como o dilúvio nos tempos de Noé).
O mal do Homem: É visível devido ao seu interesse e fascínio por notícias que relatam o mal.

Enfim, diferentes conceitos sempre existirão, no entanto, não mudam em nada a cruel realidade: o gigantesco crescimento da maldade humana.
Acredito que para tentarmos combater, ou pelo menos, controlar o mal que existe dentro de nós, a melhor coisa a se fazer é nos apegarmos cada dia mais no afeto, no amor... são as famílias voltarem a fazer aquele tão esperado almoço de domingo, onde todos se reúnem, havendo diálogos, brincadeiras, coisas que nos fazem sentir bem. Talvez o maior cultivador do mal seja a correria dos dias modernos, que tem nos afastado cada vez mais de todos esses “prazeres domésticos”. Você pode está pensando: “Mas quando Caim matou Abel não existia essa ‘correria do cotidiano’!” É, eu sei, mas foi a partir do trabalho que foi surgindo a sua inveja. Os dois eram pastores de ovelhas, só que Abel sempre cuidava melhor, trabalhava mais, era mais fiel a Deus oferecendo-lhe sempre o melhor, quem sabe se Caim conversasse mais com seu irmão, pedindo conselhos para ser um melhor pastor de ovelhas, o final dessa história seria outro?


Manuela Navarro